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iG – Os 4 principais perfis de inadimplentes – e como cobrar cada um deles

Com os números de inadimplência no Brasil crescentes nos últimos anos no País, muitas empresas acabaram sofrendo problemas nas áreas financeiras, especialmente potencializados pela falta de preparo na hora de cobrar corretamente os clientes endividados. Afinal, muitos empresários se perguntam como podem fazer isso – e até que ponto conseguiriam “forçar” o pagamento – sem que isso prejudique o relacionamento com os clientes inadimplentes e os bons negócios no futuro.

Assim, para evitar rusgas no relacionamento da empresa com os inadimplentes, a área da cobrança deve estar bem preparada, seguindo um pensamento lógico e estratégias de abordagem profissionalizadas. É preciso que a companhia conheça a fundo clientes e/ou consumidores devedores, traçando planejamento para o recolhimento desses valores.

É importante lembrar que existem, também, situações em que não é possível resolver sem o apelo de medidas legais. Contudo, antes de qualquer ação, pode ser facilitador entender com que você está lidando – e quais são as características dos principais tipos de endividados a fim de se preparar melhor, solucionando o problema da forma mais amena possível.

O advogado e contabilista, Gilberto Bento Jr., sócio da Bento Jr. Advogados, destaca que existem alguns tipos de consumidores e clientes inadimplentes mais comuns de serem encontrados no mercado. Ele traça quatro perfis a fim de te ajudar a lidar melhor com cada um deles. Veja quais são:

Devedor viciado

Muitas vezes, esse tipo inadimplente não chega a ter problemas financeiros, porém, seu subconsciente – ou seu mau jeito de lidar com as contas – faz com que atrase os pagamentos. Nesse caso, a pessoa pode até pedir a você para renegociar juros, por exemplo, mas não deixa de pagar após uma primeira cobrança, ou até antes disso.

Devedor ocasional

Esse é o consumidor que busca sempre manter as contas em ordem, tendo sempre a intenção pagar. Todavia, por algum motivo pontual, pela ocorrência de um problema específico, acaba se tornando inadimplente, não arcando com algum compromisso financeiro.

Geralmente, os inadimplentes ocasionais ficam muito irritados quando são cobrados, já que não se enxergam como devedores, se sentindo injustiçados, humilhados, afinal, são cuidadosos com as contas.

Quando sua empresa detectar um cliente devedor ocasional, fique alerta. Nesses casos, é preciso muito cuidado para não desgastar a relação.

Devedor negligente

Esse perfil é bastante encontrado no mercado, representando os consumidores que não têm a vida financeira organizada, deixando de pagar as contas por esquecimento, confusão, falta de planejamento e organização. No papel de cobrador, você deve se lembrar de que existe um compromisso selado, sendo necessária a confiança mútua.

As negociações tendem a ser bem complexas, uma vez que, como nunca se preocupam com suas obrigações, essas pessoas são vítimas constantemente de problemas e de dificuldades financeiras, não prevenindo episódios de endividamento e inadimplência.

Assim, o melhor que a empresa pode fazer é estabelecer acordos bem claros com ferramentas para alertar o devedor sobre prazos de pagamentos.

Mau pagador

Para o cobrador, esse pode ser o tipo mais difícil de devedor. Como o nome já diz, as pessoas com este perfil já estão acostumadas a serem cobradas. Dessa forma, não se sentem pressionadas a cumprir com seu compromisso, chegando a recusar o pagamento. São os maus pagadores que se esquivam do cobrador, inventam mil desculpas, desaparecem – e não estão muito preocupados com seu nome.

Portanto, em ocorrências assim, sua empresa precisará tratar a inadimplência de maneira mais enérgica, com uma cobrança mais firme. Se precisar, você terá de ir até as últimas consequências, buscando recursos legais. O que pode te tranquilizar aqui é que esse não é um tipo de cliente/consumidor interessante, já que não adianta nada vender um produto ou serviço sem chegar ao momento do recebimento pelo trabalho.

Como cobrar?

É claro que as maneiras são diversas, que os padrões são variantes… Que cada cliente é um – e toda empresa, também. Contudo, existem alguns procedimentos padronizados que facilitam na hora da cobrança, minimizando possíveis desgastes.

Em primeiro lugar, todas as vezes em que ocorrer um atraso, a empresa deve buscar o cliente, ligando ou mandando e-mail no dia seguinte ao prazo. Peça “ajuda” da pessoa para localizar o pagamento que não entrou; vale pedir até um comprovante de pagamento a fim de facilitar sua procura.

Caso você não tenha uma resposta dentro de dois dias, ligue novamente para cobrar. Mas, lembre-se de fazer isso de maneira gentil, explicando que precisa receber os valores em aberto, reafirmando o quanto são importantes para o dia a dia da empresa. Neste contato, a empresa pode cobrar uma posição efetiva do cliente, por exemplo: “vou pagar dia tal” ou, mesmo, o encaminhamento do e-mail para a confirmação por escrito.

É interessante enviar informativos reforçando os novos prazos de pagamento. E, caso o pagamento não ocorra, semanalmente se deverá buscar uma definição amigável da situação.

Segundo o especialista, se as ações não surtirem efeito – ou o débito tiver mais de 45 dias –, é indicado que a empresa repasse o valor para o escritório de advocacia de sua confiança, que, por sua vez, vai notificar o devedor sobre o pagamento sob pena de iniciar ação judicial.

Muitos endividados só pagam depois de a ação de cobrança bater na sua porta, seja por medo de penhora ou seja em função do grande aumento da dívida. “Percebo que parte expressiva dos devedores fazem composição de pagamento em audiência”, afirma o advogado.

Por fim, depois de seguir o passo a passo, o pagamento não acontecer, a busca para recuperação do crédito já será iniciada. Nesses casos, os advogados utilizarão uma grande quantidade de estratégias de localização de valores e bens para assegurar seu recebimento.

Enfim, como se pode observar, para o combate do endividamento, é preciso estabelecer uma boa política de cobrança, uma rigorosa avaliação de crédito, e cercar-se de profissionais que possibilitem suporte, fazendo com que o relacionamento de empresa e clientes temporariamente inadimplentes não seja desmoronado.

Fonte: Economia – iG 

Publicado em 29/09/2016

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